terça-feira, 25 de maio de 2010

Eu Coloquei Minhas Esperanças Nisso

Eu não consigo entender o porquê
Olho através da janela, estamos procurando pelo que mesmo?
Se é que realmente importa, dia após dia se permitindo não pensar
Olho meu reflexo no espelho,
Eu nem me reconheço mais.
Coloquei minha confiança em você
Fui o mais longe que consegui
Longe de todos que me perseguiam em meus pesadelos
Mas as portas continuavam fechadas pra mim
O tempo é variavel demais
Isso é tão surreal
Vou tentar me afastar
Fingir que tudo a minha volta é apenas uma alucinação
Mas no final não enxergo nenhum sentido em seguir com essa farsa
Poderia não pensar, mas é inevitavel
A essa altura sabemos o que esta certo e errado
E já é tarde pra recomeçar
Nada importa, ação ou reação,
Fazer parte disso ou deixar pra lá.
Apenas sorria e finja estar bem
É o que as pessoas esperam de você
Não as decepcione,
Não tente dizer a verdade
Pois elas jamais entenderiam
Nunca conseguiriam ver
Que "bem", não é o bastante
Se resignar e aceitar,
Melhor não perder o seu tempo
É muito dificil
Muito distante
Esqueça as coisas pelas quais lutou
No final
Realmente não é o que importa
Não coloque sua fé nisso
Não va até o limite
Só mais uma noite, então...

sábado, 22 de maio de 2010

Olhos Abertos

Ele descia a rua,
Tentava evitar um desastre anunciado, tinha um pensamento que o perseguia durante as 24 horas do dia.
Levou a mão no bolso, viu que horas eram,
Não sabia como sair daquela situação, e estava ficando sem tempo, não podia mais errar.
Avistou um velho lugar que sempre lhe trouxe alento,
Pensou durante alguns instantes em deixar pra lá, não ligar mais.
O velho lugar já não era tão acolhedor, aquele lugar não era mais o mesmo, ele não era mais o mesmo,
Não conseguiu "deixar pra lá", mesmo que quisesse não poderia, aquilo o corruía pelas entranhas, era a primeira coisa que ele pensava ao acordar e a última coisa que lembrava antes de dormir.
Diminuiu o passo, pressa pra que? Pra chegar aonde?
As luzes o lembravam de momentos que jamais existiram, mais que apareciam como flashes de um passado esquecido, algo que se perdeu na sua memória, algo que lhe foi tirado pelos anos.
Parou. Refletiu durantes alguns segundos. De repente se deu por conta que nunca conseguiria esquecer aqueles dias, dias em que mal parecia estar vivo, instantes de pesar extremo, arrependimento.
Dobrou a esquina, aquelas ruas antes tão acolhedoras, agora pareciam uma via-crussis, tortuosa, dolorosa.
Sorriu irônicamente, lembrou como terminou a via-crussis mais conhecida de todas.
O certo é que nem ele conseguia explicar o que sentia, clamava por uma virada repentina, como nos filmes que costumava assistir nas madrugadas de insônia, um final feliz, era tudo o que ele queria.
Parou na sinaleira, viu um carro ao longe, podia atravessar sem problemas, mas não o fez. Suas pernas não sairam do lugar, sentia que carregava o peso do mundo sobre as costas, respirava fundo, procurando fôlego para continuar o trajeto. O sinal fechou, arrastou-se até o outro lado da rua.
Lembrou-se de quando era pequeno e sabia exatamente o que fazer e dizer (bom, quase sempre...), desejou o fim, desistiu, olhou no relógio, o tempo era um inimigo que lhe escapava e passava rápido demais quando ele precisava de um momento para pensar a respeito de tudo.
Chegou na sua rua, podia ouvir o som da TV nas casas vizinhas, chegou em frente a sua porta, entrou.
Mais uma vez procurou por respostas e não as encontrou. Preocupou-se ainda mais com os dias que viriam pela frente, com as decisões que tomaria à seguir. Como vai se livrar daqueles pressagios ruins? Daquela sensação de tragédia anunciada?
Pela primeira vez tudo ficou claro, aquilo parecia tão óbvio que o deixava constrangido, era simples.
Uma voz na sua cabeça dizia:
-Abra seus olhos...

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Deus é Argentino

Ola, vocês me escutam?
Me escutam, Argentinos?
Sim, sou Eu,
É Deus que esta falando,
Falta pouco para a copa
E Eu queria dizer algo à vocês,
Fui Eu naquela bola na trave no último minuto
em 78, contra a holanda,
Fui Eu naquele penalti no travessão
Contra a Iuguslávia em 90,
Contra o Brasil fui Eu, obviamente,
com aqueles três chutes na trave,
Alguma duvida?
Em 86, até pode ser
que tenha sido a minha mão,
Vocês perguntarão:
"Onde esteve contra a Suécia em 2002
ou contra a Alemanha em 2006?"
Mas o que Eu vou fazer?
Eles também rezam.
Mas não fui Eu que lutou contra os três de laranja,
Aquele era o Kempes.
Não fui Eu naqueles reflexos incriveis,
Foi o Fillol.
Não fui Eu que deu aquele chute mágico
contra o México em 2006,
Era o Máxi Rodriguez.
Aquelas mãos em 90 não eram minhas,
Eram de Goycochea.
Não fui Eu que correu 50 metros com a bola
Enfileirando Ingleses, aquele era Diego.
E não fui Eu quem fez o gol do milagre,
Foi Palermo.
Rezem,
Peçam,
Prometam,
Lotem os bares,
As ruas, as casas,
E amem a essas cores acima de tudo,
Eu acredito em vocês."

Eu Quero Fazer Um Gol Em Um Grenal...

Eu quero fazer um gol num Grenal.

Nada muito sofisticado,
Não precisa ser uma grande jogada
cheia de dribles, nada disso.
Pode ser de cabeça,
Pra não ser muito rigido em meu pedido,
Aceito, como segunda opção,
que seja num chute desviado de fora da area.
Mas faço questão que seja aos 43 do segundo tempo,
Numa tarde fria de inverno,
Acabando com o zero-a-zero sofrido de um jogo truncado
Trocando o burburinho das arquibancadas
pelos gritos insurdecedores.
Gostaria que estivéssemos usando camisetas de mangas compridas,
sem patrocinio, com numeros e distintivos bordados,
como em 83.
Eu estaria usando a camisa 9,
como os velhos artilheiros de outrora.
Eu poderia ser uma jovem promessa
estreando no time,
ou um veterano em fim de carrera.
O fato é que entro em campo e formo,
com meus companheiros,
O EXÉRCITO DO IMORTAL TRICOLOR.
Ancheta e De León defendendo e lutando,
Jardel revezando a "centroavancia" com Tarciso,
Osvaldo, Gessy, China e Dinho
descubrindo um jeito de jogarem juntos,
Renato e Baltazar tabelando area a dentro
Lara, Danrlei ou Mazarópi qualquer um
Da Divina Trindade
Everaldo e Arce... André Catimba e Goiano...
Mauro Galvão e Baidek... Paulo Nunes e César...
Felipão e Valdyr Espinosa aos berros na beira do campo...
Jogam mais do que onze nesse time,
Pois a matematica dos sonhos tem seus caprichos.
O mais fascinante seria a trilha sonora:
Quero escutar a bola roçando na rede,
O grito dos que deixavam o estadio
voltando enlouquecidos,
A bronca do zagueiro adversário na defesa,
O estadio saindo do silêncio para o delirio.
Ao mesmo tempo quero ouvir a narração do gol
com todos os clichês possíveis,
Quero que algum repórter invada o campo na hora da comemoração
para que eu diga algo incompreensível e ofegante em meio a palavrões.
Por fim quero receber cartão amarelo por vibração excessiva.
Seria o final perfeito
para o gol que eu quero fazer num Grenal.

Quem Dá Mais?

Ouviram-se os tiros
Ouviram-se os gritos
Todos viram que ele havia morrido,
Meus olhos se fechavam
E os meus pensamentos se voltavam
Para aquele homem que ganhava os jornais
Mas perdia sua alma.
Apanharam o assassino na mesma noite
Ele havia roubado um tênis e dez reais,
Foi o que custou a vida daquele homem,
Um tênis furado e dez reais.
O criminoso foi preso, e solto três dias depois
Por uma "brecha" na lei, foi o que eu ouvi na TV.
Recapitulando: A vida daquele sujeito custou
Um tênis furado, dez reais e três dias de prisão.
No Brasil a prisão perpétua não existe,
Muito menos pena de morte, dizem que é desumano,
Mas desumano deveria ser alguém tirar uma vida
E ter como sentença três dias de cadeia.
Os defensores da "falsa moral" pregam direitos humanos
Para assassinos, estupradores e qualquer outro
Que venha a ser morto pela policia,
Eu penso que direito humano deveria ser dedicado
Ao cidadão que trabalha dez horas por dia
E é assaltado e morto na parada de ônibus,
Mas à esse sujeito é negado qualquer direito,
Humano ou não.
O seu corpo esta estendido no chão
E ninguém chora por ele, agora tornou-se estatistica para o governo,
Que insiste em fechar os olhos para não ver.

Dez reais e um par de tênis velho,
Cuidado! Esse pode ser o seu preço...
Quem dá mais?

O Doce Nunca é Tão Doce Sem o Amargo

"Se você nunca caminhou sozinho,
Numa noite fria de Julho, sem direção ou caminho traçado,
Com as mãos nos bolsos e olhar fixo no nada,
Você não é totalmente feliz.

Se nunca sentiu o gosto do fracasso
E desejou não acordar numa segunda-feira cinzenta,
Se esteve frente à frente com a incerteza de um amor
E nunca chorou, você não é plenamente feliz.

Se você nunca ficou sem um tostão na carteira numa noite de sábado
Nunca calou na hora em que não deveria,
Caso jamais tenha se arrependido de não tentar,
Ou não tenha ficado acordado a noite inteira,
Esperando encontrar alento na solidão da madrugada,
Eu posso dizer com certeza que você não é feliz.

Pois você nunca encontra satisfação total
Se não esteve no outro extremo,
Na direção oposta.
Não se dá tanto valor à vida antes de correr o risco de perde-la
Não se da tanto valor ao amor antes de ter o coração partido pela primeira vez,
Enfim, o doce nunca é tão doce
Se não se viver o amrgo antes."