domingo, 6 de novembro de 2011

1996

A vida já foi simples,
Você estava trabalhando dia e noite para ganhar a vida.
E você se lembrava das pessoas
Sem computadores, sem nada disso.
Ele usou suas duas mãos para agarrar esperanças,
Ignorando a guerra fria em que sua vida iria se meter,
Sua indiferença iria mantê-lo aquecido, por décadas.

Os fins de semana eram apenas um corredor escuro,
O que era indispensável estava esperando por ele, na semana que vem.
Não havia necessidade de trabalhar, esqueça as horas extras, não havia crise,
nem moedas em alta, e nada que ele fizesse colocaria tudo a perder.
Ele sorria demais, eles ficavam acordados mais tempo e reclamavam menos.
Foi um bom ano, as coisas estavam indo bem.
Aquele era um bom ano.

Nas manhãs de domingo, sempre acordava cedo e ia para cozinha.
Ela fazia o café, e observava as paredes com calma, 
e depois caminhava até a porta do quintal.
E ele tinha passos mais leves do que agora.
Quando ainda não "sabia de tudo".
Ele diria, talvez, e ela riria, porque as palavras eram mais raras àquela altura,
Ela trabalhava o dia inteiro até o jantar estar pronto.
E eles se afastavam lentamente,
Só para facilitar a despedida.
Foi um bom ano, os problemas tinham saído de férias,
"Help" ainda era a melhor coisa que uma rádio podia tocar,
E as pessoas ainda eram apaixonadas em 1996.
Foi um bom ano, e porque não deveria ser?

Todas esses dias e esses anos se passaram,
Nem todas as familias são feitas pra durar para sempre,
Nem o tempo pode levar essas lembranças,
Lembra quando você me disse que nós iriamos ficar bem?
Foi bom enquanto durou, foi um bom ano, nós iremos ficar bem.
Enquanto o rádio estiver ligado.
E sua paciência ainda não tinha acabado em 1996.
Ficou tudo bem, foi um bom ano,
Foi um ano bom, e o que mais poderíamos esperar?
Senão, que tudo ia acabar bem.

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