quarta-feira, 17 de agosto de 2011

7:35 AM

Eram 7 e 35 da mesma manhã, que insistia em se repetir.
Com aquela temperatura que não transmitia o frio aconchegante,
nem o ânimo do calor.
Os passos exigiam um esforço descomunal, praticamente um ato de heroísmo
daqueles de filme americano.
A certeza estava amassada e guardada em algum bolso de um surrado jeans.
Tudo já tinha sido esquecido. As mentiras e as verdades.
De fato, ele mal sabia o que era real, tudo parecia uma peça barata,
um rascunho de uma época distante, um exagero de fantasia, de tragédia.
Respirar era difícil, suportar era uma tarefa das mais árduas.
Era triste, não daquelas tristezas regadas a lágrimas, era uma tristeza seca.
Uma manhã de um dia que jamais deveria ter existido, só mais um de milhares
de dias que ele nunca quis ver nascer.
As emoções ficaram no passado, junto com as lembranças.
A parede de recordações já não ganha mais imagens,
faz tempo que ela não é atualizada,
não por comodismo,
mas por pura falta de memórias felizes.
Já a lixeira que armazena os fracassos, esta lotada,
parece que ninguém veio recolher o lixo na última década de noites.
Caminhar pelas mesmas ruas, seguir sempre o mesmo caminho
que leva para a vida de sempre.
Essa que você tenta construir, reconstruir e implodir,
tudo sem sucesso, todas as tentativas de moldar a vida esbarram na mesma problemática:
"Falta de mão de obra capacitada".
Falta talento para mudar as coisas, falta força de vontade para trocar os erros por acertos,
o pecado foi ter esquecido de como se faz isso. Ou o pecado esta em nunca ter aprendido.
Vá saber.
Certo é que o dia vai passar, fácil ou não, rápido ou não, feliz ou não.
A noite vai voltar, e as mesmas promessas serão sussurradas no seu ouvido,
promessas vindas de alguma imagem, algum filme, alguma esperança que resiste
em meio a esse tiroteio de idéias pessimistas e tão sinceras que habitam
cada canto da sua consciência tão certeira em suas previsões.
Mais uma noite, menos um dia, com sorte você vai ter menos peso pra carregar,
se der azar, vai adquirir mais uma cruz para seguir nessa via crúcis cômico-dramática.
Mais uma noite em que o travesseiro vai se assemelhar com uma pedra.
Serão mais um apanhado de horas felizes em um semi coma induzido.
Só que quando você acorda tem que viver o mesmo dia de novo,
embora ele tente te enganar trocando de nome, ou de número,
não se engane, é o mesmo dia outra vez, as mesmas tarefas,
os mesmos diálogos, os mesmos sorrisos pouco sinceros,
as promessas, as ilusões, os telefonemas, os problemas, os apertos de mão,
os preços, as respostas das mesmas perguntas..... tudo a mesma repetição
de novidades óbvias.
Diga bom dia pra vida, outra vez.
São 7 e 35.... de novo.

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