sábado, 6 de novembro de 2010

Não Vejo Nada, Dilma. Não Vejo Nada...

Tô vendo nada, Dilma, tô vendo nada.
Não tem saída, não tem entrada.
A hora é má e a vida é malvada,
O sol bate nas grades de um presídio de luxo,
Ou de um condomínio de detenção máxima.
E na prisão que é nossa cidade
Você vive, você rala, você luta, você sangra
E não adianta, Dilma, não adianta.
A melodia, a luz do dia, sua voz doce, sua lábia fina.
Promessas vagas, palavras amargas, sorrisos falsos.
É tanta crueldade, só brutalidade,
Infelicidade na nossa cidade,
Então porque, Dilma, você não diz a verdade.
Dilma, se a mentira fosse votos, e o diabo o cabo eleitoral.
Se a mentira fosse uma suave ilusão dentro da falsa realidade,
mas a vitória em si, já justifica os meios.
E se eu engatilhasse a minha arma,
Uma arma carregada de ódio e amor,
mas muito mais ódio que amor.
Eu apontava, com gana, com garra, com raiva,
e te matava,
Pelo abandono que você dedica a mim todos os dias,
Por todas as vezes que eu temi.
Te matava como um apanhador de sonhos e esperanças
esmagadas pela sua hipocrisia e por todos motivos dados.
E de repente nossa cidade se transformava
Em tudo aquilo que já não é,
Organizada, com mais respeito e prazer,
O povo tem direito, mas não só o "seu povo",
não só um lado da moeda.
Por isso eu rezo
Pelo menino segurando uma HK
Como se fosse um livro,
E pelo policial que não se deixa comprar
E pelo garoto que ninguém viu ser morto,
Grito pelo trabalhador, por qualquer individuo,
Grito por ti, por mim,
E pelos meus amores.
E ainda não vejo saída, não vejo entrada,
Um grito meu, um grito duro e desesperado,
Grito por tudo, grito pra nada,
Grito por tudo e grito pra nada.
Na madrugada mais uma família foi despedaçada,
Não vejo nada, Dilma, não vejo nada,
Você fala e eu escuto, mas não ouço nada.
Não vejo nada, naquela que agora tem todos nas mãos...

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Nunca Mais Seremos Dois

Como é difícil acordar quando chega o momento
Em que você realmente descobre que perdeu.
E por fim você se da conta
De que tudo terminou.
Que nada é mais como antes,
Que só restou o vazio
Onde sempre faltou o sentimento.
Éramos inseparáveis agora estamos tão distantes,
As palavras doces foram levadas pelo vento.
Sinto que morro,
O medo pode mais do que eu,
Me sinto só,
Diminuído por todos.
Sinto que morro,
Sinto isso enraizado na alma
Sinto que nunca mais seremos os mesmos.

Eu só quero te esquecer,
Que cada um de nós possa seguir seu caminho.
Recolheremos todos os pedaços do amor que se quebrou.
Porque eu fui ingênuo,
Por pensar que tudo era meu,
E agora só me alimento de lembranças.
Éramos cumplices dos mesmos sonhos,
Agora somos dois estranhos,
As palavras se tornaram sinceras demais.
Sinto que morro,
A raiva consegue me vencer,
E o tempo consegue me deter
Fácil demais.
Sinto que morro,
Lentamente por dentro me escapa a vida,
Sinto que nunca mais seremos simplesmente desconhecidos.

Não quero estar assim sem lembranças,
Não posso estar assim sem lembranças.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Velho e o Novo

Velhas figuras sempre voltam na sua mente,
se fazem presentes por uma pequena fração de segundos
e novamente se vão, sem deixar vestígios.
O pior de relembrar uma imagem antiga é ver
que aquela projeção que você havia criado em sua mente
jamais passou perto de ser realidade, muito pelo contrário,
nada saiu como você pensava ou desejava.
E nasce aquele arrependimento carregado de culpa.
Culpa por ter perdido tanto tempo cultivando esperanças
sobre um cadáver de memórias,
culpa por ter ficado ali parado na expectativa de uma reviravolta.
Então, num piscar de olhos, vemos que nada daquilo aconteceu
e que continuar vivendo em função de um desejo de mudança
do outro é tão ineficaz quanto fechar os olhos para o perigo.
Nem sei ao certo quantas dessas projeções já se criaram
dentro da minha cabeça. Só sei que foram figuras demais
para tão pouco lucro, tudo que sei é que de nada valeu
se abraçar ao abstrato. Vamos tentar, só pra variar,
basear nossas expectativas em algo mais concreto, mais real.
Quero coisas mais reais.
Quero não maquiar a verdade para que ela pareça mais bela
e reconfortante. Tente vislumbrar o que é tão igual à todos,
e veremos que todos estamos atrelados a um cais de ideais
sobre o jeito certo, a pessoa certa, os valores morais que imaginamos corretos.
Pense bem, você nem sabe se isso realmente existe,
se não é apenas um devaneio do seu pensamento mentiroso
e egoísta. Sim, seu pensamento é sim egoísta.
Ele passa as 24 horas do dia raciocinando em função dos seus problemas,
dos seus anseios e nem questiona tamanha arrogância criada pelo seu
inconsciente. Arrogância essa, que esta enraizada nas palavras mais doces
e nos gestos mais inocentes. Sim, eu sei que você só age assim em interesse próprio.
Não me venha com essa história de atitudes altruístas, isso não existe.
Ninguém faz nada que não lhe renda frutos futuramente e contra isso
não há argumentos e nem direitos de resposta.
Então de que vale chorar a glória da lucidez?
Comemore, você finalmente vai sair desse casulo de absurdos
que você julgava como única verdade e passar a escutar uma segunda
opinião. E isso vai te fazer bem, seu maluco insensato!
Sei que o velho já teve seu tempo de paisagem perfeita,
afinal ele nunca ousou contra-argumentar.
Pelo menos tente evitar que o novo se transforme num oásis
de sabor amargo, numa ilusão que só trará descontentamento.
Tente tratar o novo com indiferença e sem todas aquelas luzes
apontadas em sua direção. Pode acreditar, é bem mais saudavel
e não tem contra-indicação.

domingo, 31 de outubro de 2010

Pingos de Luís Fernando Veríssimo

"As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você, 
quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas...."


[Ao ser perguntado por que costuma aparecer o número dezessete tantas vezes em suas crônicas]
"Dezessete é um número cabalístico e, sendo cabalístico, eu não posso revelar. 
Brincadeira, não tem nenhum significado. Dezessete é uma palavra bonita."


"A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. 
Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. 
Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo?"


"Escrevi uma vez que era um cético que só acreditava no que pudesse tocar: não acreditava na Luiza Brunet, por exemplo. Cruzei com a Luiza Brunet num dos camarotes deste carnaval. Ela me cobrou a frase, e disse que eu podia tocá-la para me convencer da sua existência. Toquei-a. Não me convenci. Não pode existir mulher tão bonita e tão simpática ao mesmo tempo. Vou precisar de mais provas."

E o jogo ficou bom outra vez...

O jogo virou
e a mente se abriu,
O mundo gira e bota sempre tudo no lugar....

sábado, 30 de outubro de 2010

Crônicas de Morte

A morte, 
algo que jamais vamos conseguir explicar numa frase despretenciosa.
A pergunta é, quando realmente nós começamos a teme-la, a partir de que momento passamos a sentir a dor dilacerante da separação definitiva, a falta que jamais será suprida.
Ela esta atrelada a nós desde o dia em que nascemos,
somos algemados a morte ainda na maternidade,
caminhamos com ela durante toda a nossa vida.
Vemos uma série delas na TV em forma de notícia ou ficção,
mas ela esta sempre presente.
Esse fato é tão complexo, tão doloroso, tão inexplicavel,
Quando o envolvimento afetivo entre pessoas se torna tão vital
de maneira que a morte de um seja um impedimento para outro
seguir a sua própria vida?
A morte era para ser apenas o fim, e ponto, 
mas quando nos encontramos com ela somos facilmente abatidos pela dor.
Começamos a pensar se alguma coisa nos espera depois dela,
acho que por puro medo de acreditar que não há continuação de vida alguma.
Não existe forma certa para lidar com esse fato, porque ele não é pensado de forma racional,
não se deve pensar nesse caso, se deve sentir e só. Colocar todo sofrimento
para fora e tentar seguir em frente.
Na prática parece simples. Quem dera fosse, alguns jamais se recuperam
depois de se encontrar com ela. Outros tremem de medo só de ousar menciona-la.
Temos medo, temos pavor de perder todos de quem gostamos e de nos encontrar
com algo ainda pior do que a morte. A solidão.
A solidão é uma morte por antecipação, um limbo para os que ainda estão vivos,
e talvez, isso explique em parte as lágrimas que são derramadas a cada alma que se apaga.
Pena de morte, prisão perpétua. estes são os dois piores castigos para quem comete um crime,
e provam o quão juntos caminham essas duas condições.
Só sei que ela nos revela a fragilidade de existir e nos joga na cara a dependência que temos
da pessoa que caminha ao nosso lado. Estamos todos condenados a morte e isso implica
em se preparar para conviver com o peso de esperar por ela a cada esquina
que viramos. Medo é inútil, mas impossível de repelir.
A morte esta aí ao seu lado, atrelada as suas escolhas,
esperando a sua má sorte sorrir pra ela.

Anjos das Tormentas

Olhando pela janela, passeando com assombro pela vereda
de sua alma e tentando se recordar dos dias que viveu.
Observa à sua volta o vai-e-vem de pessoas, todas
parecem estar bem ocupadas e cheias de si,
sem nenhuma dúvida na cabeça. Parece que todos já sabem
exatamente o que fazer e tem seus planos metículosamente
articulados. Enfim, parece que tem tudo acordado
com alguma entidade superior, que movimenta o destino.
Ele não se vê de tal modo. Não busca essa afirmação
tão comum nos dias de hoje, tão pouco almeja esse "poder"
de flutuar entre vários circulos de convivência tendo igual importância
em todos eles.
Ele gostaria apenas de retirar alguns pregos cravados em seus pés,
de tanto percorrer o caminho mais estreito e tortuoso. Seu único desejo é de conseguir
relembrar acontecimentos de rara felicidade sem perder nenhum segundo
de tal memória preciosa, sabe? Como num filme. Milimétricamente
calculado e sem espaços vazios.
Queria poder ter tais lembranças gravadas como um arquivo,
para que pudesse rever ao seu gosto.
Caminha de um lado para outro daquele cômodo que lhe causa estranheza, ainda.
Incomum seria se já estivesse a vontade ali, afinal, sempre foi assim pra ele.
Não seria agora que as coisas mudariam, não depois de tanto tempo.
Segue pensando. Como vai se livrar de tamanha cilada? Colocou os pés pelas mãos.
Se tivesse dito a verdade sem rodeios, estaria livre para agir como quisesse,
mas reincidiu no mesmo equívoco, tentou maquiar as coisas para facilitar para os outros,
e dificultou para si. Mentiras que amenizam sua culpa e também a dor do próximo,
porém, lhe impedem de realizar suas vontades.
Volta-e-meia isso lhe acontece, e o que mais irrita é que não pode colocar a culpa
em mais ninguém que não seja ele mesmo.
Há de encontrar divina providência que lhe permita agir sem ser mal interpretado,
também nisso a vida nunca lhe faltou. Os velhos caminhos que o viver concedia,
as portas certas, o acaso. Todos já haviam ajudado antes,
não seria agora que haveriam de lhe abandonar.
Esfregava as mãos e continuava a caminhar em circulos pelo cômodo,
como numa angústia velada para a incerteza. Como isso remoía seus pensamentos
e impedia qualquer tipo de naturalidade nas suas palavras.
Todos à sua volta percebiam quando ele estava repleto de interrogações e dúvidas
na sua cabeça. Não conseguia esconder preocupações e desgostos.
Vai até a janela outra vez, sabe que sua paz de 24 horas de reclusão esta
prestes a acabar, a qualquer momento um carro vai virar a esquina
e parar trazendo uma dose a mais de remorso, tristeza e incomodo.
Trazendo de volta inseguranças e questões mal resolvidas.
Isso era tudo que ele não precisava.
E a espera é a pior parte, nada pode ser feito senão cruzar os braços e... esperar.
E o carro chegou,
estacionou,
e chegaram os anjos das tormentas.....

La mano de Dios

En una villa nació, fue deseo de Dios,
crecer y sobrevivir a la humilde expresión.
Enfrentar la adversidad
con afán de ganarse a cada paso la vida.
En un potrero forjó una zurda inmortal
con experiencia sedienta ambición de llegar.
De cebollita soñaba jugar un Mundial
y consagrarse en Primera,
tal vez jugando pudiera a su familia ayudar...

A poco que debutó
"Maradó, Maradó",
la 12 fue quien coreó
"Maradó, Maradó".
Su sueño tenía una estrella
llena de gol y gambetas...
y todo el pueblo cantó:
"Maradó, Maradó",
nació la mano de Dios,
"Maradó, Maradó".
Llenó alegría en el pueblo,
regó de gloria este suelo...

Carga una cruz en los hombros por ser el mejor,
por no venderse jamás al poder enfrentó.
Curiosa debilidad, si Jesús tropezó,
por qué él no habría de hacerlo.
La fama le presentó una blanca mujer
de misterioso sabor y prohibido placer,
que lo hizo adicto al deseo de usarla otra vez
involucrando su vida.
Y es un partido que un día el Diego está por ganar...

A poco que debutó
"Maradó, Maradó",
la 12 fue quien coreó
"Maradó, Maradó".
Su sueño tenía una estrella
llena de gol y gambetas...
y todo el pueblo cantó:
"Maradó, Maradó",
nació la mano de Dios,
"Maradó, Maradó".
Llenó alegría en el pueblo,
regó de gloria este suelo...

Olé, olé, olé, olé, Diego, Diego.

D10S


Cebollita, Doña Tota, Argentinos, Don Diego, la Claudia, Villa Fiorito, Czyterspiler, Menotti, decepción 78, campeón juvenil, Turco, Lalo, Boca, roja 82, Barcelona, Pelé, Dalma, Goikoetxea, Napoli, Giannina, Reyna, Bilardo, Passarella, Azteca, mano de Dios, 
Campeón 86, Careca, San Gennaro, casamiento, asistencia a Caniggia, Brasil afuera, tobillo, puteada al himno, llanto subcampeón, Bombonera, Segurola y la Habana, Bernasconi, Coco Basile, Che Guevara, Argentina, Newell's, Ben Johnson, Dopping, efedrina, sin piernas, Cuba, mechón, golf,  Racing, habano, Fidel, Almagro, Rodrigo, Punta del Este, bypass gástrico, noche del Diez, showball, Benjamín, la tenés adentro, La copa, Messi, Schweinsteiger, Lágrimas.


As palavras são muitas e os adjetivos se multiplicam. Estas datas parecem nos obrigar a reflexões e balances e Diego Armando Maradona jamais poderá se contentar com poucos deles. Porém, muito mais além de sua personalidade, declarações infundadas e contradições, sobrevive a segura convicção de que nos emocionamos com alguém que fez melhor, algo que todos no planeta jogam.  Do nada até o tudo. da técnica, à solidez. Da personalidade, à ascenção. Desde seu carisma até a imortalidade no futebol.

Quando muitos apostavam que ele não chegaria nem até os 40, Maradona se recicla.
Quando parece que foi nocauteado, se levanta. 
Quando ninguém mais acredita, se reinventa e dribla o ostracismo como se fosse ingleses, acreditando que podem deter a melhor obra de arte já feita em uma cancha de futebol. Sua genialidade com bola sempre ganhará novos aplausos. Por muito mais de meio século.
Maradona, 50 anos de puro amor pelo futebol. 
Parabens ao maior de todos os tempos.

"Ole, ole, ole, ole, Diego, Diego!!!!!"

Mudanças

Como são complexas e derradeiras as decisões tomadas,
desde a mais simples delas até a mais importante da nossa vida.
A visão sobre a perda e sobre a afetividade que criamos
para com algumas pessoas é incrivelmente vaga,
pelo menos pra mim.
É estranho não conseguir prever como você irá se sentir
se determinado fato ocorrer. algo que mude completamente sua
maneira de enxergar o próximo, para bem ou para mal.
Você vê o individuo como uma simples carcaça ambulante,
depois passa a achar respeitavel, acaba por perceber qualidades
e finalmente, torna-se dependente de sua existência.
Aí a perda mostra a sua face, quando você menos espera pessoas
se vão. Pode ser uma mudança de caminhos, ou de interesses, ou
o único mal irremediavel para todo ser existente, a morte.
Você pode achar que sabe como lidar com isso,
você pode ter certeza de que irá reagir bem,
mas a verdade é que nunca estamos preparados para mudanças
tão bruscas em um intervalo de tempo tão curto,
de repente nos vemos estáticos de frente ao inesperado,
calados, refletindo e não encontrando saída para
se livrar de tamanho fardo.
Não há remédio, não há receita.
Para combater as dores da vida só mesmo o tempo,
o bom e velho andar dos ponteiros e dos astros,
levando todo sofrimento para um lugar frio e distante
chamado passado.
É nele que escondemos e maquiamos rusgas e decepções,
onde enterramos nossos demônios e fingimos esquecer o inesquecível.
É lá que se deixa o essencial, aquilo que somos obrigados a fingir que não importa mais,
trocamos a dor por um sorriso amarelo e forçado, que agrada somente aos outros.
É pra lá que expulsamos nossas mágoas e as deixamos abandonadas à própria sorte
para que morram de fome na solidão das memórias fúnebres.
A verdade é que a maioria delas nunca se vão inteiramente. Um pouco delas fica
na alma, como um fantasma. Uma companhia nada agradável que corrói perspectivas
e nos lembra que erramos mais do que o necessário, mais do que podemos
aceitar. As mágoas ficam conosco para servir de instinto ou mecanismo de defesa,
nos recordam de dias menos ensolarados. Nos dizem que é preciso ter cautela,
que o que é oferecido de cortesia sempre tem um efeito colateral.
E agora você se pergunta se é desesperador não poder matar o hospedeiro
dessa praga, desse vírus que se alimenta de nossas fraquezas e medos.
E agora você só queria poder prever o ato seguinte para evitar mais pesar,
porém se fosse assim tão fácil, se houvesse manual de instruções,
tudo estaria resolvido com a simplicidade de um abraço.
Pura ilusão. O acaso é mais vil do que você pode conceber.
É inútil mostrar superioridade contra um sentimento carimbado na sua pele,
e seria confortavel poder sentar e tomar fôlego. Poder pedir uma pausa
quando tudo esta desmoronando, simplesmente apertar um botão e parar
o mundo e suas armadilhas para que pudéssemos sentir o gosto amargo da
falta de fé, para que descubrissimos que olhar para cima em busca de alento
não ajuda nem você, nem ninguém.
Procuramos sempre um propósito na vida. O trabalho, uma viagem,
uma causa, uma pessoa, um desejo...
E se por um azar incomum conseguimos colocar essa idéia na cabeça....
...tudo esta perdido. Somos cobertos por uma neblina que cega
até as mentes mais brilhantes. Estamos sozinhos. Não há fato novo.
Colocar a responsabilidade de sua existência em algo ou alguém é inútil,
um desperdício de tempo que poderia ser aplicado à algum tipo de ócio feliz,
ou ópio para as tristezas.
Como agiríamos se tudo em que concentramos nossas forças sumisse
como fumaça?
Você faria algum esforço para procurar um caminho novo ou
desmoronaria em um vazio repleto de realidade?
Não sei, não sabemos.
Mas se você ainda acorda todos os dias e segue em frente
sem questionamentos, parabéns.
Isso é incrível, não? Acordar todos os dias e fazer as mesmas coisas
boas e ruins, sem parar para procurar sentido ou razão.
Talvez esse seja o segredo. Ignorar tudo que possa despertar
nossa angústia. tudo que nos faz apodrecer por dentro.
O bom é estar na inércia, contido e equilibrado, estático,
preso ao convencional. Pés no chão.
Bom mesmo seria não sentir.
Nada de fome, nem sede. Nada de sabor.
Esperança para quê? Precisamos apenas de uma cama macia
que nos faça esquecer do que realmente somos.
Que restaure todos os defeitos do seu caráter e tape os buracos
deixados pela relação entre pessoas.
Uma boa noite de sono, é do que precisamos,
uma noite de sono que dure alguns milênios.
Porque esse estado de colapso no qual estamos mergulhados
é sem dúvida o que causa a morte... ou pior....
causa aquele sentimento de perda, mesmo que ninguém tenha partido.
Na realidade o que se foi não era uma pessoa,
era sua capacidade de indignação,
era seu último resquício de humanidade,
seu último porto seguro.
Suas chances agora são nulas
frente ao dia de amanhã,
agora o que vem é doloroso demais e exige tanto
que você nem vai querer saber do que se trata.
Não olhe agora, a realidade dói aos olhos
de quem só vê um céu azul
e se recusa a intervir para modificar
a própria sorte.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Veja Bem, Meu Bem (Los Hermanos)

Veja bem, meu bem
Sinto te informar que arranjei alguém
pra me confortar.
Este alguém está quando você sai
E eu só posso crer, 
pois sem ter você
nestes braços tais.
Veja bem, amor.
Onde está você?
Somos no papel, mas não no viver.
Viajar sem mim, me deixar assim.
Tive que arranjar alguém pra passar os dias ruins.
Enquanto isso, navegando vou sem paz.
Sem ter um porto, quase morto, sem um cais.
E eu nunca vou te esquecer amor,
Mas a solidão deixa o coração neste leva e traz.
Veja bem além destes fatos vis.
Saiba, traições são bem mais sutis.
Se eu te troquei não foi por maldade.
Amor, veja bem, arranjei alguém
chamado "Saudade'.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

A Cura

E todo orgulho esconderá
Que me calo sem você...
Frases secas e com pesar,
Frágeis e intensas.
Se deleguei o meu poder,
Controlado ou controlar...
Toda dor será... em vão?

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Afasia

Eu quero estar assim, à um passo da serenidade,
quero um fim de tarde na certeza de um amanhã feliz.
Pretendo, ainda nessa vida, entender tudo e todos,
fazendo de mim a pessoa mais confiante e compreensível do mundo,
pretendo saber o que dizer e como agir
quando você me olhar esperando por aquela frase
de felicidade incomum e de resolução irreal.
Vou ir todos os dias até os lugares onde eu me sinto bem,
porque eles já não são tantos assim. Vou conviver, apenas,
com as pessoas que me fazem bem, pois já desperdicei tempo demais
tentando convencer as outra pessoas de que vale à pena
me dar uma chance pra provar que não sou tão ruim
quanto aparento.
Ainda nessa década vou conseguir fechar uma semana
sem me questionar sobre o futuro da raça humana,
ou o futuro dos relacionamentos afetivos, ou mais importante ainda:
o futuro do meu time.
Coisas simples. É disso que eu preciso. Um pouco de poluição,
um sorriso mentiroso, algumas palavras despretenciosas que me ajudem
a atravessar o dia-à-dia com segurança. Que me ajudem a salvar o mundo
todos os dias.
Quero a riqueza de espírito, e é claro, a monetária também,
afinal não a felicidade sem bens materiais. Porque se houvesse, aqueles monges budistas
que abdicam de tudo para viver num mosteiro sorririam mais.
Pense bem, o Maluf vive sorrindo, porque será?
Vou começar a escutar mais e falar menos, vou fingir menos
e parecer mais, vou tentar ser franco mesmo quando não puder
faze-lo de verdade.
Ainda irei sair de uma sala com a certeza de que fiz o máximo
que poderia, que não deixei nada sem um ponto final.
E desejo também uma casa onde eu consiga aproveitar
o silêncio sem ser interrompido pela brutalidade das vozes vãs.
Eu quero ver e não te esquecer. Quero ser e não responder por que.
Quero crescer sem perder lembranças. Eu quero ter para saber o valor real.
Retroceder, te perceber e se a colônia quiser assim,
vou correr, vou chorar, vou saber, entender.
Afasia.

sábado, 23 de outubro de 2010

Faz um tempo

Faz um tempo que esqueci do que gostava,
só lembro agora do que não suporto.
Me esqueci das melhores pessoas que já conheci,
mas guardo na memória todos os meus desafetos.
Deixei que os dias e a mediocridade me convencesse
de que eu tinha feito o máximo,
e de que agora eu poderia simplesmente
sentar e começar a reclamar.
Fui convencido de que mais vale a solidão a sós (com o perdão da redundância),
do que a solidão de uma sala repleta de pessoas
que nem ao menos sabem que eu estou ali.
Já faz tempo que ri muito, como se tivesse escutado
a coisa mais engraçada da face da terra.
Parece que faz séculos que as pessoas perderam a noção,
e começaram a avaliar os outros pela sua medida,
hoje em dia é assim: Você é pesado, medido
e avaliado insuficiente. Sem apelação.
Faz um tempo que falhei miseravelmente tentando acertar,
infelizmente não houve segunda chance. Um tiro, uma oportunidade.
Perdi o jogo e o que me sobrou foram ecos do passado.
Imagens que vem e vão e na maioria das vezes me incomodam.
Parece que foi ontem, que estava tudo indo muito bem,
ou não. Talvez tudo estivesse indo muito mal,
e eu é que já me esqueci devido a ação do tempo.
O fato é que já faz muito tempo que não sei
o que devo fazer, antigamente eu tinha tudo planejado,
mas agora já rasguei as diretrizes, porque de nada serve
criar uma linha de raciocínio se nenhuma outra pessoa
da face da terra concorda com seu jeito de levar a vida.
Aprenda a se adequar, a se adaptar aos outros,
é dilacerantemente confortante e irremediavelmente útil.
Sorria, acene e finja que esta tudo bem,
porque quando perguntam como você esta,
ninguém quer realmente ouvir a verdade
ou quer?

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O que aconteceu com o provavel engano?

Um fim condizente com o começo 
Você torceu e rasgou o nosso amor,
Seus passos leves pela escuridão
quebrando suavemente minhas esperanças de ressurreição.E sua falta de compaixão me levou 
até a tarde cinza de um mês qualquer.Não, você entendeu tudo errado! Se você soubesse ouvir,
Você me calou e botou a culpa na minha bebida
Encurralou os meus argumentos singelos 
em um beco de acusações.
Chutou o mundo pela porta dos fundos,
E o mundo te chutou de volta com muito mais força...

Se você quiser tentar
Se você prometer se esforçar e menosprezar,
Não há nada pior que você possa fazer
Eu sei que você mente
Eu sei que você não sente
que estamos perto de saber que a mentira mais doce
é pior do que qualquer amarga verdade.Ainda estou apaixonado por você
Mas não seria tão feliz olhando pela sua janela,
porque sua sala nunca combinou com minha impaciência,
e seus móveis jamais caberiam no meu caminhão
de segredos.

Você não pode me levar a qualquer lugar,
Eu posso te levar aos piores sentimentos
onde você sempre jurou evitar contato.Você não pode não querer levar lembranças,
E eu posso te prometer que você irá se arrepender
se me olhar de tão perto.E eu vou te levar de maneira breve e eficaz até a insanidade,
sei que o caminho de volta é tão longo quanto
o trajeto que fizemos até o seu quarto.
Você não me suporta agora, Você não se suporta
Você não me suporta agora, E eu não ligo mais
Você não me suporta agora, e na maioria das vezes é assim
com todo mundo.Você não se suporta e sua vida é tão monótona
quanto o cinema mudo.
Nós temos o bastante para ficarmos juntos,
Mas o bastante nunca tem a mesma medida para duas pessoasVamos viver tristes
Ou vamos continuar fingindo que é suficiente?
estamos torcendo para que nossa sorte nunca acabe,
Você tentou empurrar o mundo, eu não estava tão alerta
Não esperava que você fosse se desiludir e mudarVocê aceita tudo que eles te falavam e balançava a cabeça
Mas tudo mudou, e eu não consegui acompanhar
Foi rápido demais e eu estava desinteressado demais.Não te aguentava mais,

Se você quiser tentar
Se você quiser tentar
Não há nada pior que você possa fazer
do que tentar outra vez,
olhar aquele mesmo mundo velho e enferrujado
como se uma reforma mudasse os alicerces.
Eu sei que você mente
E isso te faz chorar.
Suas palavras não são verdadeiras
Mas quais são?
Hoje em dia a verdade é bônus de milhagem.Você não pode me levar a qualquer lugar,
Eu posso te levar a qualquer lugar,
O que você deve se perguntar é onde esta o lugar perfeito.Você não me suporta agora,
Você não consegue nem ao menos se ver no espelho.
Você não me suporta agora,
E ninguém te aguenta mais.
Qual será, então, o próximo passo?

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Pré Grenal


Mestre Jonas....






Vamos Grêmio!
Eu te sigo desde pequeno,
Já não posso mais parar,
Venho pela camiseta!!!!

Revés


Não quero perder a razão
Olhando em volta a todo instante.
Sabendo que nunca me ligará de volta,
Que nunca cruzarei com você pelo corredor outra vez,
Que nunca vai olhar pra trás,
Que não vai mais estar lá...
Mas é tão fácil lembrar
Que em certa tarde estúpida a gente pode se encontrar,
"Como você está? Você parece ótima..."
Você e eu até trocaríamos algumas frases
Nesta tarde cinza,
É onde eu quero estar.

E quero esquecer de tudo e começar do zero,
E tenho apenas estas palavras e muito pouco dinheiro,
Espero ter a oportunidade,
Para poder demonstrar
Que essas idéias fazem algum sentido.
Pode ser que eu nunca volte a te ver
Talvez em 3 ou 4 anos, com a vida na pior.
Talvez então eu possa ver 
Outra tarde cinza
A ponto de chover
Sei que então será assim....

E eu quero deixar todo mundo de lado e começar do zero,
E tenho uma intenção e tão pouca coragem.
Espero, ter a chance de dizer o que sempre tive vontade.
Para poder te mostrar
Que ninguém sabe como te fazer sorrir como eu
E que só eu sei o que realmente importa para você

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Dinheiro

Com todas as ilusões
guardadas em seus respectivos caixões,
Com meu barco em meio a tempestade.
E com os pensamentos ao longe, 
com insetos povoando a minha mente.
Uma prisão que jamais me libertará.
Com um colete à prova de balas,
pelo acaso de dispararem contra mim.
Pelas nuvens é onde quero estar.

Nada tenho,
Nada quero.
Se você não esperar por nada
vai ser mais fácil, porque nunca terá o que realmente deseja.
Jamais pensei em tropeçar,
sempre em frente, nada me para.
Se você esperar por algo novo, vai se cansar.
Eu não esperaria....

Com frases inacabadas,
com facas pelas costas,
com feridas por cicatrizar.
Você me ensinou a ter duas caras,
uma doce
e outra amarga,
uma mente
e a outra diz a verdade.

Nada tenho,
Nada quero.
Nunca prometo, sempre no confiável.
Se você imaginava algo diferente
não vai ser em mim que irá encontrar.
Se percebe lá de longe,
sutilezas deselegantes.
Pelo lado escuro é onde pretendo chegar,
Nada tenho,
Nada quero.
Pode deixar que eu me entendo.
Nunca tropeço, sempre em frente,
Nada te peço, tudo se vai,
Nada desejo, por isso estou sempre no lucro.
No fim, saldo positivo....

Lance de Escadas

Entrei pelo portão, abri a grade, subi as escadas, bati a porta.
Encontrei-me com um vazio físico e moral,
algumas de minhas mais fixas idéias, como por mágica,
tornaram-se realidade.
Por um momento me deparei com um dilema moral muito forte,
afinal culpa sempre foi meu cartão de visitas,
mas não! Não dessa vez, a culpa não é minha,
eu não vou conviver com essa responsabilidade.
Não me orgulho dos pensamentos que tenho sobre a tua pessoa,
mas nunca desejei, nem ao menos por um instante,
ter esse tipo de ralação com você.
Fui forçado pela sua estranha mania de tentar me arruinar,
de me tratar como fantoche das suas vontades.
Você errou, levou nossa convivência ao grau mais extremo
de irritação, sem palavras, sem motivos que nos dessem esperança
de um futuro acerto.
Caminho pelos cômodos da casa e percebo que fracassamos
desde o começo, não soubemos ouvir, não soubemos respeitar.
Gostaria de atribuir essa derrota somente à você, seria mais fácil assim,
mas não posso fechar os olhos para não ver o óbvio.
Agora quilômetros nos separam e a agonia aos poucos se vai,
o conforto do esquecimento chega como um velho amigo.
Vamos, então, fingir. Vamos exercer a liberdade de mentir
para agradar, somos excelentes nisso, você lembra?
Temos pouco tempo agora, e não precisamos mais nos desgastar
com a convivência forçada, o drama utópico, a imensidão de verbos
no infinito de sentimentos.
Somos isso mesmo, nunca fingimos aturar o contrário de nossas vontades,
talvez aí more o descontentamento e todo o descaso que dedicamos
um ao outro. Foi-se, finalmente, a raiva que estava atrelada a nós dois,
desperdiçamos tantos momentos, até que pudemos perceber que somos
diferentes demais para arriscar estar tão perto.
O fim nunca parece bom ou correto, mas é no remédio mais amargo
que esta a veradeira cura. Erramos o alvo e agora estamos sem munição
para tentar lutar pelos sentimentos que tantos valorizavamos.
Entendemos, enfim, que tudo que um dia pareceu indispensável,
agora já é carta fora do baralho, assim mesmo, descartavel.
Mentimos, brigamos, xingamos, lutamos contra nossas próprias crenças,
e pra quê? Tanto esforço dedicado a uma futura decepção.
É, eu sei, é sempre desse jeito pra mim,
mas nunca escondi isso de ninguém,
há tempos abandonei o escudo e a espada,
não tenho mais pelo que lutar, o que defender.
E isso não me incomoda nem um pouco.
Nada de clichês como "Um livro aberto",
nada disso. Ainda tenho muita coisa à esconder,
só que agora a estante já esta mais vazia.
Os trófeus e orgulhos, as medalhas e conquitas,
há muito já estão esquecidas e deletadas.
Vivo agora, para o momento, para aquele determinado dia,
e não me permito a vaga lembrança do que me incomoda,
bendita a anestesia geral para todas as dores,
bendita cura que alivia a alma do que não presta.
Fecho a porta e desso as escadas, é lá fora que esta a resposta,
escondida em alguma viela, em alguma longa e iluminada avenida.
Tudo bem, não tenho pressa, tenho tempo para procurar,
entre um gole e outro. Entre o céu e o inferno diário.
Caminhando lentamente, ao som dos carros,
por entre desconhecidos e farsantes.
Estamos prontos, não estamos?

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Estoy enfermo

Que nadie me puede curar,
Que sólo quiero un poco de tranquilidad...