sábado, 6 de novembro de 2010

Não Vejo Nada, Dilma. Não Vejo Nada...

Tô vendo nada, Dilma, tô vendo nada.
Não tem saída, não tem entrada.
A hora é má e a vida é malvada,
O sol bate nas grades de um presídio de luxo,
Ou de um condomínio de detenção máxima.
E na prisão que é nossa cidade
Você vive, você rala, você luta, você sangra
E não adianta, Dilma, não adianta.
A melodia, a luz do dia, sua voz doce, sua lábia fina.
Promessas vagas, palavras amargas, sorrisos falsos.
É tanta crueldade, só brutalidade,
Infelicidade na nossa cidade,
Então porque, Dilma, você não diz a verdade.
Dilma, se a mentira fosse votos, e o diabo o cabo eleitoral.
Se a mentira fosse uma suave ilusão dentro da falsa realidade,
mas a vitória em si, já justifica os meios.
E se eu engatilhasse a minha arma,
Uma arma carregada de ódio e amor,
mas muito mais ódio que amor.
Eu apontava, com gana, com garra, com raiva,
e te matava,
Pelo abandono que você dedica a mim todos os dias,
Por todas as vezes que eu temi.
Te matava como um apanhador de sonhos e esperanças
esmagadas pela sua hipocrisia e por todos motivos dados.
E de repente nossa cidade se transformava
Em tudo aquilo que já não é,
Organizada, com mais respeito e prazer,
O povo tem direito, mas não só o "seu povo",
não só um lado da moeda.
Por isso eu rezo
Pelo menino segurando uma HK
Como se fosse um livro,
E pelo policial que não se deixa comprar
E pelo garoto que ninguém viu ser morto,
Grito pelo trabalhador, por qualquer individuo,
Grito por ti, por mim,
E pelos meus amores.
E ainda não vejo saída, não vejo entrada,
Um grito meu, um grito duro e desesperado,
Grito por tudo, grito pra nada,
Grito por tudo e grito pra nada.
Na madrugada mais uma família foi despedaçada,
Não vejo nada, Dilma, não vejo nada,
Você fala e eu escuto, mas não ouço nada.
Não vejo nada, naquela que agora tem todos nas mãos...

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