domingo, 2 de janeiro de 2011

É Inverno no Inferno e Nevam Brasas

Se você pudesse entender como me sinto, mil vezes eu te explicaria de novo, pois eu sou tão bom em fingir que estou bem, evito palavras demais, desculpas sem pensar, mas as coisas não vão ficar assim, vou criar uma barreira de gelo e indiferença e passarei a simular felicidades que me valham o viver, porque de descaso ao acaso eu já estou farto, deixo de lado as minhas necessidades mais básicas e me torno um zumbi sem alma e sem sentimentos, porque assim me vejo melhor, porque fingindo não preciso responder perguntas desagradáveis e sem sentido, você realmente se importaria se ela se jogasse do 21º andar?
Alguma vez na minha vida ouvi que tudo que termina acaba mal, e que o que não acaba pouco à pouco apodrece mais e mais, é que não tenho nada porque decide não continuar com esse jogo de aparências, acho que tanto lixo na cabeça não me deixa nem pensar. Sinto que estava enganando a mim mesmo, e que estava agindo errado contra meus valores a muito esquecidos em algum móvel antigo. Errando por mim....
Alguma voz me disse que todos os equívocos foram minha responsabilidade, mas se ela soubesse o quanto eu me odiava não diria algo assim, como queres que eu siga sabendo que já não tenho norte para rumar, como queres que eu acorde pelas manhãs se nunca esta aqui o meu orgulho, como fazer para seguir?
Sinto que estava enganando todos a minha volta, e que estava falhando com as pessoas que mais considero e admiro, estou cansado de fracassar por ti.
É, eu sei que as coisas nunca fizeram muito sentido pra mim, porque então eu deveria manter os passos firmes e trincar os dentes? Continuar por que? O que eu tenho aqui?
É engraçado, eu lembro de uns anos atrás, eu nunca vou esquecer daquele noite, eu sentei nas escadas e comecei a chorar, eu me sentia um idiota, olha, eu tinha um objetivo traçado, mas o problema é que as coisas  não dependem apenas do quanto você as deseja, se trata mais de quão obstinado e focado você esta pra fazer tudo conspirar a seu favor. Olhe em volta agora, parece que tudo desmoronou, então me vi de novo em um quarto escuro, com janelas e portas trancadas, estava preso no meu próprio mundo, porque assim me vejo melhor. A barra ficou difícil demais para segurar, tudo aconteceu muito rápido e não pude evitar, eu lamento que você não estivesse lá para ver, pois tudo que eu queria era ter feito a coisa certa.
Agora estou sentado nessa casa vazia, só pensando. Vendo algumas fotos de um passado que já não parece real, você deve saber como é. E eu ainda estou preso ali, e eu gosto disso, apenas outro comprimido, afinal preciso tapear a realidade por mais uma noite, só mais um dia.
Isso é o que acontece quando a vida é traiçoeira com você, e tudo que defende se volta contra você, o que acontece quando você passa a ser fonte de dor? Agora estou aqui escrevendo essas coisas, porque as mágoas não se escrevem sozinhas. Eu continuo tendo os mesmos sonhos, mas eles já não me despertam no meio da madrugada, sempre parece a última vez, olho pro espelho, devo estar ficando louco porque eu quase posso ouvi-lo falar, ele diz coisas que eu não quero ouvir, então eu simplesmente miro o punho em sua direção. Ele não quer que eu acorde, é que todos querem de mim, eu acho. Todo esse tempo não pude ver, as cortinas se fecharam pra mim.
Tudo acontece por um motivo e isso é o que o destino é?
Vou contar até cinco e quero que tu me digas que tudo isso é mentira que nada disso ocorreu, vou contar até cinco para que saias daí, quero que apareça na minha porta uma realidade que não seja essa.
É aí que o alarme do despertador toca...

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