sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Deixa ser como será

Há de se perceber. Como tudo é simples, na teoria....
Nossa dor não vem das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se realizaram.
Por que sofremos tanto pelo que não aconteceu? O certo seria a gente não sofrer, apenas se conformar e entender que algumas coisas nunca acontecem da maneira que se deseja, que por mais que façamos contas e desenhemos uma vida perfeita, nada vai sair conforme o planejado e isso é que torna as coisas mais interessantes, eu acho.... Sofremos, então, por quê?
Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado das pessoas que consideramos importantes, por todos os momentos imaginados e jamais materializados, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade, interrompidos pelo temor, por exitar tentar.
Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para ver o pôr do sol, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada, pela quase gol, pelo grito ingasgado e esquecido.
Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar.
Como aliviar a dor do que não foi vivido?
A resposta é simples como um verso: se iludindo menos e simplificando mais.

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