quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Quem sabe o que ter e perder....

Eu os vejo passar, aos montes, caminhando para todos os lados, nem eles mesmos parecem saber para onde estão indo. E quem é que sabe para onde ir? Eu os vejo ali, presos em suas próprias mentes, como se fossem escravos de um corpo que tentam manter à todo custo, mesmo sabendo que o destino inevitável da vida é a morte, sem escapatória. Eu posso ouvir os gritos dos desesperados que tentam fugir do próprio mundo, os berros de horror daqueles que tentam escapar à todo custo do mau que eles mesmos criaram para si, e nós todos sabemos que é assim e não adianta levantar a voz por isso.
Eu posso jurar que escuto sinfonias trágicas a todo instante de dor. Eu vejo filmes que constroem o meu ego distorcido e deles tiro minhas morais, contrariando aqueles que preferem absorver sua moralidade de fontes completamente patriarcais. Eu evito o choque porque assim dói menos o viver, sou, então, protagonista do passado, porque é nele que me refugio instintivamente e covardemente. 
Eu vejo anjos e demônios que bloqueiam as minhas saídas de emergência. Eu vejo o céu em meus delírios e o inferno queimando em minha vida. Eu imagino o doce sabor do prazer e sinto na carne a dor do sofrimento. Eu procuro a salvação enquanto sou jogado no caos. Minhas palavras demoram a encontrar o devido destino, levam com elas grãos de esperança, mas acabam por afastar tudo e todos. Intenso sou, talvez, o contrário de tudo, a aversão ao óbvio, o exagero da calmaria, a objetividade andando em circulos e o mar sem rebentação. E ainda sim, na hora "H", no momento em que tudo se decide, parece que me falta algo para fazer as coisas funcionarem de maneira que não me cause prejuizos futuros.
Eu sou diferente e anormal, de uma forma que eu mesmo não entendo. Eu consigo combinar tantas particularidades e defeitos que tenho por mim ódio e admiração. Uma incrivel mânia de cair mil vezes e uma assombrosa esperança para levantar mil e uma vezes mais. Levo comigo a sede por utopias, aquelas que sempre parecem tão distantes, mas carregam consigo a  felicidade plena.
Eu repito tantas coisas na minha vida que, já esta pendendo ao deboche.
Eu estou sempre ali, na vitrine dos sãos, no zoológico deles, cercado por vidros grossos e barras de ferro inquebráveis. Jamais fugirei de ser rejeitado, pois enquanto eles me rejeitam esquecem que estão sendo rejeitados no mesmo instante. Eu posso até ser o problema, mas ironicamente eu sou a solução.
Eu sou o retrato exato da decepção, na moldura opaca e envelhecida da mesmice.
Eu posso ouvir os ecos pelas veredas dos meus pensamentos, entrando pelos meus ouvidos e consumindo ainda mais o meu ser. Eu sou o óbvio utópico. Perto eu sou tolerável, longe eu sou repulsivo. Não há como escapar do estereótipo, pois querendo ou não nós o carregamos conosco, mas podemos fingir sim, que eles não incomodam ninguém. Vamos fingir, então, um delírio coletivo que toma formas na realidade impossível de cada dia. Uma mentira, que foi contada tantas vezes que deixou de ser apenas verdade, mas que se tornou lei, regra, instinto, programação.
Vamos brincar de ser feliz.... 

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