terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Morte do Bom Senso

Hoje, fui enterrar um querido e velho amigo. O Bom Senso com quem convivemos tantos anos. Ninguém sabe exatamente quantos anos tinha, já que a sua Certidão de Nascimento se perdeu nas gavetas de algum politico corrupto e mentiroso. Será recordado pelas valiosas lições que nos deixou, tais como: "A vida não é sempre justa",  "A culpa é minha" ou "Não vou fazer isso porque é errado".
Verdade é que o Bom senso não morreu de morte natural, foi assassinado pelo descaso. Estava abandonado, jogado ao ostracismo, e mesmo assim ainda incomodava certos tipos de seres que não conseguiam conceber o significado de tal expressão. Todos nós somos temos as mãos sujas de sangue, somos todos responsáveis por esse óbito. Todos os dias enchemos o mundo de falta de consideração, desrespeito e uma boa quantidade de arrogância. O Egocentrismo de cada um de nós é do tamanho do planeta Terra, e isso me desgasta.
O Bom Senso vivia de sólidos princípios: "não gaste mais do que você ganha",e normas fiáveis: "eduque seu filho para que ele não saia por aí matando os outros". A sua saúde começou a deteriorar-se quando regulamentos bem intencionados mas ditatoriais foram implementados. Noticias como: "fulano" matou um garoto de 17 anos atropelado quando fazia um racha, mas foi solto porque não tem antecedentes, ou "ciclano" estava em liberdade porque não foi pego em flagrante, e agora matou outra pessoa. Essas manchetes acabaram com sua saúde.
O Bom Senso piorou quando o Presidente do país disse que ler não era tão interessante, e quando uma ministra disse que se orgulhava de ter mentido.
O Bom Senso perdeu a vontade de viver quando as Igrejas se transformaram em empresas, e os criminosos começaram a ter direitos humanos no lugar das vitimas.
O Bom Senso ressentiu-se quando já não se podia defender dum ladrão em sua casa e este o podia acusar de agressão, quando alguém que achava uma carteira no chão à devolvia sem suprimir nem uma nota de dinheiro saia na primeira página do jornal, como uma excessão.
Bom Senso desistiu de viver depois que uma pessoa fumante à 40 anos ganhou uma "gorda" indenização pelos maus causados pelo cigarro que ele mesmo decidiu fumar.
O Bom Senso foi precedido no seu falecimento pelos seus pais: Verdade e Confiança; sua mulher Discrição e suas filhas, Responsabilidade e Sensatez.
Sobreviveram-lhe 4 primos: "Conheço os meus direitos", "Tenho Sempre Razão", "A Culpa Não É Minha" e
"Eu Sou Uma Vítima".
Poucos foram ao seu funeral, pois poucos deram pela sua morte. Se ainda o recordarem reencaminhem a notícia, se não, que descanse em paz....

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